A Saga da Puma: Como a Maior Fabricante de Esportivos do Brasil foi da Glória à Falência

Nos anos 70 e 80, ele era o ícone máximo do desejo automotivo nacional. Com suas linhas baixas e agressivas de fibra de vidro e o som inconfundível do motor Volkswagen, o Puma GT era a resposta brasileira aos esportivos europeus. A marca Puma foi um fenômeno: um orgulho da indústria nacional que nasceu nas pistas, dominou as ruas e chegou a ser exportado para o mundo todo.

Diante de tanto sucesso, a pergunta que fica é: como uma marca tão amada, com um produto tão desejado e uma fila de espera de clientes, desapareceu? A resposta é uma história trágica de burocracia, falta de visão e um governo que virou as costas para o próprio talento.

Esta é a história da Puma Automóveis.

O Início Genial: Das Pistas para as Ruas

A história começa com o gênio Rino Malzoni, que criou um esportivo de corrida usando uma plataforma DKW. O carro era tão bom que ganhou corridas e chamou a atenção. A Puma nasceu dessa genialidade.

Porém, em 1967, a Volkswagen comprou a DKW (Vemag) e cortou o fornecimento de peças. Foi a primeira quase-morte da Puma. A solução? Adaptar. A Puma redesenhou o carro para usar a plataforma robusta e onipresente do VW Karmann-Ghia, criando o lendário Puma 1500 (e depois 1600). Foi um sucesso estrondoso.

O Auge: O Brasil Exporta Esportivos

O Puma se tornou o carro mais desejado do Brasil. A produção era quase artesanal, mas a demanda era gigante. O sucesso foi tanto que a Puma começou a exportar seus carros para a Europa, Estados Unidos e África do Sul, competindo de igual para igual em design com marcas estrangeiras. A Puma era a prova de que o Brasil sabia fazer carros incríveis.

A Tempestade Perfeita e a Solução Visionária

Em 1973, a Crise do Petróleo chacoalhou o mundo. O combustível ficou caro e escasso. Carros esportivos beberrões de repente se tornaram um problema. A Puma, novamente mostrando sua visão, projetou um carro urbano pequeno e econômico, perfeito para a nova realidade. O plano era construir uma nova fábrica em Brasília para produzir esse novo carro em massa.

Para isso, a Puma precisava de uma única coisa: financiamento.

O Golpe Fatal: O Engavetamento Burocrático

É aqui que a história de sucesso se transforma em tragédia. A Puma levou seu projeto impecável ao Governo Federal em busca do financiamento para a nova fábrica. O governo simplesmente “sentou em cima” do pedido. A papelada ficou parada, engavetada em alguma mesa em Brasília, por meses que se tornaram anos. O Banco do Brasil fez o mesmo.

O “timing” foi cruel. Enquanto o projeto da maior fabricante nacional de esportivos mofava nas gavetas do governo, o mesmo governo, em 1976, dava todo o apoio, incentivo fiscal e financiamento necessário para que a gigante italiana Fiat se instalasse no Brasil.

A Morte por Asfixia

Sem o financiamento, a Puma não pôde construir sua nova fábrica e lançar seu carro urbano. Ficou presa ao seu modelo de negócio antigo, produzindo esportivos caros e artesanais em um mercado que, agora com a concorrência feroz da Fiat e outras gigantes, exigia carros baratos e de volume.

A empresa lutou bravamente, mas foi como tentar remar contra a maré em um bote furado. Sem poder escalar, sem poder competir, a Puma foi asfixiada lentamente pela burocracia e pela falta de apoio do próprio país. Em 1985, a marca que um dia foi o maior orgulho do Brasil declarou falência.

Conclusão: A Lição que Ficou

A história da Puma é a lição brutal de que uma empresa genial pode ser morta não pela concorrência, mas pela burocracia. A Puma não faliu por ter um produto ruim; ela faliu por falta de apoio, em um país que preferiu abrir as portas para gigantes estrangeiras em vez de salvar seu próprio ícone.

Você conhecia a verdadeira história da falência da Puma? Qual sua memória mais forte da marca? Conte pra gente nos comentários!